Saiba as diferenças entre SIDA e HIV
Neste artigo pretendemos abordar as questões relacionadas com o Síndrome da Imunodeficiência adquirida (SIDA), quais os sintomas, como se manifesta, diagnóstico, tratamento e prevenção. Caso fique com alguma dúvida poderá agendar uma consulta com os nossos médicos que o ajudaram a esclarecer as suas dúvidas.
Quais as diferenças entre SIDA e VIH?
O VIH, vírus da imunodeficiência humana é que causa a SIDA, Síndrome da Imunodeficiência adquirida, simplificando:
- VIH: é o vírus responsável pela destruição do sistema imunitário, destruindo o mecanismo de defessa que nos protege das doenças. Existem dois tipos: VIH-1 e VIH-2, sendo o VIH-1 o mais frequente em todo o mundo.
- SIDA: Corresponde ao conjunto de sinais e sintomas que aparecem pela deficiência no sistema imunitário provocada pelo vírus VIH. O sistema imunitário vai diminuindo a sua capacidade de resposta a medida que a doença evolui.
Reforçamos que estar infetado com VIH não é o mesmo que ter SIDA. As pessoas positivas para o VIH, são seropositivas e podem não desenvolver SIDA. Este vírus é transmitido pelo contacto com o sangue ou fluidos sexuais.
Os primeiros casos de SIDA, segundo a Organização Mundial de Saúde, foram relatados na década de 80, estimando-se que atualmente existam mais de 37 milhões de pessoas infetadas com o VIH. Segundo a Unidade de Referência e Vigilância Epidemiológica do Departamento de Doenças Infeciosas do INSA, em colaboração com o Programa Nacional para a Infeção VIH e SIDA (PNVIHSIDA) da DGS, em Portugal “As estimativas revelaram que no final de 2018 viviam em Portugal 41.305 com infeção por VIH, 6,8% das quais não estavam diagnosticadas, valor que entre os heterossexuais homens ascende a 13,1%”
Quais são os sintomas?
Regra geral, uma pessoa infetada com o VIH, não apresenta grande sintomatologia, inicialmente. Os sintomas são confundidos facilmente com uma gripe tendo a manifestar-se entre os 10-15 dias após infeção, dos quais:
- Temperatura;
- Dores de cabeça e aumento do cansaço/fadiga
- Aparecimento de gânglios inflamados no pescoço e virilhas;
Após a infeção, a SIDA, tem um período de evolução longo (a duração é muito variável, mas pode chegar aos 10 anos) e silencioso, habitualmente sem provocar as mínimas oscilações ou queixas. É neste momento que o vírus se instala e vai destruindo lentamente o sistema imunitário da pessoa. Durante este período a pessoa é referida como seropositiva, uma vez que se fizer analises e detetada a presença do vírus, mas não apresenta as suas manifestações.
Importa referir que mesmo sem apresentar sintomas, o portador do vírus VIH, pode infetar qualquer pessoa com que tenha contacto sexual.
No final da fase de invasão do VIH, as defesas da pessoa estão no nível mais baixo e então começam a surgir as complicações:
- Infeções simples que evoluem rapidamente para condições mais graves;
- Perda de peso rápida;
- Pneumonias;
- Diarreias prolongadas;
- Lesões na boca, ânus e genitais;
- Distúrbios neurológicos como: depressão, perda de memoria;
O aparecimento destas complicações é que definem a SIDA, Síndrome da Imunodeficiência adquirida.
Como corre a transmissão?
A transmissão do vírus do VIH, pode ocorrer:
- Produtos e derivados de sangue (transfusão). Importa salientar que esta via na atualidade é muito rara, dado que todos os dados fazem testes prévios a respetiva dadiva.
- Existência de relações sexuais desprotegidas, sem uso de preservativo;
- Partilha de agulhas e seringas;
- Transmissão materno-fetal, dado que o VIH, pode ser transmitido durante a gravidez, parto ou durante o aleitamento;
Salientamos que toda a prática sexual desprotegida, traz riscos, contudo a evidência científica refere que:
- “o sexo anal desprotegido tem maior risco do que o sexo vaginal desprotegido”
- “no sexo anal desprotegido entre homens, existe maior risco para a pessoa recetiva”
- “o sexo oral desprotegido pode também constituir risco de transmissão do VIH, mas o risco é menor do que na penetração anal ou vaginal”
- “múltiplos parceiros sexuais ou a existência de outras doenças sexualmente transmissíveis podem aumentar o risco de infeção durante o ato sexual”
Reforçamos que o VIH, não se transmite:
- Cumprimentos sociais (aperto de mão, abraços e beijos ou conversas);
- Suor, saliva ou uso da casa de banho;
- Partilha de pratos, talheres ou copos;
- Roupa;
- Tosse ou espirros
- Picada de inseto
Como se faz o diagnostico?
O diagnostico para a presença do VIH é feita com a recolha de saliva ou sangue, local onde se encontram os anticorpos do VIH. Na atualidade já existem testes rápidos que podem ser adquiridos na farmácia, que permitem detetar a presença do vírus.
Importa salientar que o diagnostico atempado é muito importante para definir a evolução da SIDA e para serem adotados os melhores medicamentos para a tratar.
Como se faz o Tratamento?
Não existe cura para a SIDA. Na atualidade existem inúmeros medicamentos disponíveis no mercado que ajudam a controlar os sintomas manifestados por esta infeção e que permitem a pessoa manter uma boa qualidade de vida.
O sucesso de qualquer tratamento depende da precocidade do diagnostico e do rigoroso controlo médico regular, que permite avaliar a resposta do organismo aos medicamentos e tratamentos adotados.
Como posso prevenir o VIH?
Reforçamos que não existe cura para o VIH, nem nenhuma vacina capaz de neutralizar o vírus no nosso organismo. A melhor forma de prevenir uma infeção por VIH é a adoção de comportamentos seguros, dos quais:
- Uso de preservativo;
- Evitar o contacto com sangue;
- Em caso de dúvidas fazer teste para o VIH.
No entanto em Portugal, já existe PrEP para o VIH, que consiste na toma de um comprimido antes da ocorrência do comportamento de risco. Estes medicamentos são utilizados por pessoa, que não estão infetadas com VIH, com o objetivo de reduzir o risco de infeção, nos casos:
- Dos casais em que um é portador do VIH e o outro não;
- Utilizadores de drogas injetáveis;
A PrEP apenas protege as pessoas em relação a infeção por VIH, não conferindo proteção para as outras doenças sexualmente transmissíveis. A PrEP, em Portugal esta atualmente disponível apenas nos hospitais que integram a rede de referenciação hospitalar para a infeção do VIH, sendo a sua prescrição realizada por médicos especialistas e após avaliação do risco de aquisição de infeção por VIH. Esta medida preventiva envolve a toma de medicamentos específicos contra o VIH e como tal pode causar efeitos secundários, bem como consequências a nível da função renal e densidade óssea.
No entanto, caso tenha estado com uma pessoa confirmada como VIH, poderá fazer um tratamento com medicamentos antirretrovirais, denominado de profilaxia pós-exposição (PEP). Deve ser feito o mais breve possível após a exposição e tem uma duração de 28 dias.